O que é?

A Angina de Peito é um termo usado para descrever a dor no peito causada pelo fornecimento inadequado de sangue e oxigénio ao coração. Associa-se normalmente à existência de estreitamento das artérias na doença arterial coronária (DAC). Este estreitamento deve-se à aterosclerose. É possível que o coração de um doente que sofre de angina receba sangue suficiente para as actividades diárias, mas as artérias podem não ser capazes de responder adequadamente às necessidades de oxigénio durante o exercício físico, perante situações de stress emocional ou físico ou perante mudanças bruscas de temperatura.

 

Os sintomas da angina aparecem e em seguida poderão ou não desaparecer quando o doente ficar em repouso. O doente pode sentir dores no peito, desconforto e/ou pressão, ou dor referida – dor que é sentida no ombro esquerdo, no braço, nas costas ou na mandíbula. A angina pode ser difícil de identificar em alguns doentes mais idosos, quando têm sintomas como dor abdominal após a refeição (devido a um aumento do afluxo sanguíneo para a digestão), ou dor nas costas ou no ombro (que poderia ser atribuído a artrite). A intensidade de exercício necessário para provocar angina, e os sintomas envolvidos, variam de pessoa para pessoa, e também podem variar de episódio para episódio. Uma vez que a doença arterial coronária tende a ser progressiva, a angina pode piorar ao longo do tempo – com sintomas mais severos, episódios mais frequentes e menor resposta ao tratamento.

 

Existem três tipos principais de angina:

 

  • Angina estável caracteriza-se pela presença de padrões previsíveis de sintomas e períodos de desconforto durante o exercício ou em situações de stress. Esta dor alivia normalmente com o repouso, e/ou tratamento com nitroglicerina ou outra medicação apropriada. Muitos doentes com este tipo de angina podem ter uma vida relativamente normal por muitos anos, mas alguns doentes progredirão com o tempo, de forma lenta ou relativamente rápido, para a angina instável.
  • Angina instável, uma das síndromas coronárias agudas que inclui o ataque cardíaco, caracteriza-se por uma mudança no padrão dos episódios de angina, acontecendo mais frequentemente durante o repouso e sem resposta ao tratamento. É normalmente um sinal de que a situação clínica do doente se está a deteriorar. A dor que o doente com angina instável sofre, pode ser mais forte e prolongada do que a da angina estável. As pessoas com angina instável estão em risco elevado de sofrer um ataque cardíaco, arritmia cardíaca severa e paragem cardíaca. Esta situação é uma emergência médica e deve ser avaliada e tratada imediatamente. O primeiro episódio de angina num doente também se chama angina instável.
  • Angina variante (angina de Prinzmetal) acontece quase sempre durante períodos de repouso, normalmente durante a noite. A sua causa é um espasmo da artéria coronária. Muitas pessoas que sofrem deste tipo de angina também têm aterosclerose severa em pelo menos um dos vasos principais do coração. Também acontece, embora com menos frequência, em pessoas com doença das válvulas cardíacas, ou com pressão arterial elevada incontrolada (hipertensão). Pode também acontecer com o consumo de cocaína e metanfetaminas.

 

Testes

O objectivo dos testes que se utilizam para o diagnóstico da angina, é o de poder distinguir entre a dor no peito de origem não cardíaca (como aquela devido à lesão do músculo esquelético), a dor devido a uma angina tratável (sem lesão do tecido cardíaco) e a dor devido a um ataque cardíaco. Quando o doente chega às urgências com síndrome coronário agudo – um grupo de sintomas que sugere uma lesão cardíaca – procede-se a uma avaliação com uma variedade de testes laboratoriais e não laboratoriais. Estes são usados para determinar a causa da dor e a gravidade da situação. Uma vez que nos ataques cardíacos o tratamento deve ser prescrito num curto espaço de tempo para minimizar as lesões cardíacas, é necessário confirmar rapidamente o diagnóstico exacto.

 

 

 

Testes de Laboratório

Marcadores cardíacos, proteínas que são libertadas quando as células musculares são lesadas; são frequentemente requisitados para ajudar a diferenciar angina de ataque cardíaco. São eles:

 

  • Troponina – o marcador mais solicitado e o mais cardioespecífico; aumenta ao fim de poucas horas depois de se ter dado a lesão cardíaca, e permanece elevada durante cerca de duas semanas.
  • CK-MB – uma forma particular da enzima creatina quínase que se encontra na sua maioria no músculo cardíaco, e aumenta quando existe uma lesão nas células musculares cardíacas.
  • Mioglobina – uma proteína libertada no sangue perante a lesão das células musculares cardíacas ou de células de outros músculos esqueléticos.
  • Albumina Modificada pela Isquemia (AMI) – um marcador cardíaco que não é muito usado mas mostrou eficácia em ajudar a excluir a isquemia em doentes com dor no peito e cujo diagnóstico não é claro. Deve ser solicitado juntamente com um teste de troponina e um electrocardiograma (ECG).
  • BNP ou NT-proBNP – libertado pelo organismo como uma resposta natural à insuficiência cardíaca; níveis altos de BNP, embora não sejam diagnósticos de um ataque cardíaco, indicam um elevado risco de problemas cardíacos em pessoas com síndrome coronário agudo.

 

 

Inicialmente, na admissão ao serviço de urgência, quando a pessoa apresenta sintomas de angina instável solicita-se um ou mais destes testes e, posteriormente, nas 12 a 16 horas seguintes, mais uma ou duas vezes mais para verificar se ocorreram mudanças nas concentrações. Se estes marcadores cardíacos estiverem normais, é muito pouco provável que os sintomas e a dor no peito sejam causados por uma lesão no músculo cardíaco, é mais provável que a dor seja atribuída a uma angina estável.

 

Também podem ser solicitados outros testes gerais que ajudem a avaliar os principais órgãos, o equilíbrio electrólitico, a glicose (açúcar) no sangue e as células sanguíneas, para verificar se há algum excesso, deficiência, ou disfunção que possa causar ou exacerbar os sintomas do doente. São eles:

 

  • Painel Alargado –conjuntos de testes que são usados como ferramenta para conhecer o estado dos rins, fígado, do equilíbrio hidro -electrólito e do equilíbrio ácido-base, a glicose (açúcar) no sangue e as proteínas sanguíneas.
  • Hemograma Completo – um teste usado para determinar o estado geral de saúde do indivíduo e para rastrear uma variedade de doenças, tais como anemia e infecções.

 

 

Avaliações Não Laboratoriais

Os testes e avaliações não laboratoriais são usados para avaliar a dor no peito e outros sintomas. São eles:

 

  • História clínica, incluindo uma avaliação dos factores de risco como idade, doença arterial coronária, diabetes e tabagismo
  • Um exame físico completo
  • Um electrocardiograma (ECG) – um exame que permite visualizar a actividade eléctrica do coração e do ritmo cardíaco
  • Monitorização contínua através do ECG – o doente transporta um aparelho que avalia o ritmo cardíaco durante um determinado período de tempo.

 

Em função dos resultados dos exames, outros procedimentos podem ser necessários como:

 

  • Uma prova de esforço (o doente submete-se a determinado exercício físico, avaliando-se então a sua capacidade de resposta e adaptação)
  • Radiografia torácica
  • Medicina Nuclear (Estudo com radioisótopos – injecta-se uma substância radioactiva no sangue para avaliar o fluxo sanguíneo e verificar se existem obstruções ou estreitamentos dos vasos sanguíneos cardíacos)
  • Ecocardiograma – visualização do coração mediante o uso de ultra sons
  • Cateterismo Cardíaco – introduz-se um tubo flexível de pequeno diâmetro através de uma artéria na perna e faz-se chegar até às artérias coronárias para avaliar o fluxo sanguíneo e a pressão cardíaca assim como o estado das artérias cardíacas.
  • Angiografia Coronária – Radiografia arterial utilizando um corante radiopaco para ajudar a diagnosticar doença arterial coronária; este procedimento realiza-se durante o cateterismo cardíaco

 

Tratamentos       

Os tratamentos para a angina incluem diversos aspectos, como sejam mudanças no estilo de vida, medicações e procedimentos cirúrgicos quando necessário. Recomenda-se uma mudança no estilo de vida, para ajudar a reduzir os factores de risco, a retardar a progressão da doença arterial coronária (quando existe), e a antecipar, controlar e prever episódios de angina. Estas medidas incluem o controlo da pressão arterial alta, a redução dos níveis altos de colesterol, o exercício físico (sob supervisão médica), o combate ao excesso de peso e o parar de fumar. Nos doentes com angina estável, pode ser útil controlar o modelo de apresentação dos episódios de angina ao longo do tempo, e estar consciente dos factores que desencadeiam esses episódios. Por exemplo, aprender a controlar o stress, evitar mudanças súbitas na actividade e temperatura e evitar grandes refeições, pode reduzir o número de episódios de angina em algumas pessoas.

 

Estão constantemente em avaliação e desenvolvimento novos medicamentos, procedimentos e directrizes destinados ao tratamento da angina. Se lhe foi diagnosticado angina, deve consultar o seu médico sobre o tratamento e opções que mais lhe convêm.

 

 

 


Última data modificada 14.01.2010

Nós aderimos aos princípios da charte HONcode da Fondation HON Nós aderimos aos princípios da carta HONcode.
Verifique aqui.